sexta-feira, 24 de setembro de 2010

SÃO PIO DE PIETRELCINA


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Com sua imensa popularidade e seus assombrosos dons sobrenaturais, São Pio de Pietrelcina foi, acima de tudo, uma alma crucificada, oferecida como vítima voluntária pelo mundo, escondida em um permanente colóquio
com o Senhor. É dessas íntimas profundidades que emerge a força pela qual ele chegou a identificar-se por
inteiro com Nosso Senhor. Os estigmas da Paixão são o selo exterior dessa união mística 
entre o Criador e sua criatura .
«Quanto a mim, Deus me livre de me gloriar a não ser na Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo» (Gál 6, 14).
Tal como o apóstolo Paulo, o Padre Pio de Pietrelcina colocou, no vértice da sua vida e do seu apostolado, a Cruz do  seu   Senhor como sua força, sabedoria e glória. Abrasado de amor por Jesus Cristo, com Ele se configurou imolando-se pela salvação do mundo. Foi tão generoso e perfeito no seguimento e imitação de Cristo Crucificado, que poderia ter dito: «Estou crucificado com Cristo; já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim» (Gál 2, 19). E os tesouros de graça que Deus lhe concedera com singular abundância, dispensou-os ele incessantemente com o seu ministério, servindo os homens e mulheres que a ele acorriam em número sempre maior e gerando uma multidão de filhos e filhas espirituais.
A vocação
Este digníssimo seguidor de São Francisco de Assis nasceu no dia 25 de Maio de 1887 em Pietrelcina, na arquidiocese de Benevento, filho de Grazio Forgione e de Maria Giuseppa de Nunzio. Foi baptizado no dia seguinte, recebendo o nome de Francisco. Recebeu o sacramento do Crisma e a Primeira Comunhão, quando tinha 12 anos.

         Era tido por um menino retraído porque raras vezes brincava com os demais. Quando lhe pediam explicações a este respeito, respondia que "eles blasfemavam". Seus silêncios correspondiam a precoces mas profundas meditações, a momentos de oração entremeados da prática de austeridades as quais já apontavam para a vocação que desde os 5 anos ele percebia claramente: ser capuchinho.
Aos 16 anos, no dia 6 de Janeiro de 1903, entrou no noviciado da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, em Morcone, tendo aí vestido o hábito franciscano no dia 22 do mesmo mês, e ficou a chamar-se Frei Pio. Terminado o ano de noviciado, fez a profissão dos votos simples e, no dia 27 de Janeiro de 1907, a dos votos solenes.
Depois da Ordenação Sacerdotal, recebida no dia 10 de Agosto de 1910 em Benevento, precisou de ficar com sua família até 1916, por motivos de saúde. Em Setembro desse ano de 1916, foi mandado para o convento de Santa Maria das Graças, situado em São Giovanni Rotondo, onde permaneceu até à morte. Foi uma alegria para ele poder dedicar-se à vida de comunidade e seguir a regra dos capuchinhos.
O dia 25 de maio de 1917 merece especial registro em sua longa e santa vida. Ele completava 30 anos. Enquanto rezava no coro da igreja, foi agraciado com os estigmas da crucifixão de Jesus, os quais permaneceram nele por mais de 50 anos.
No convento, começou exercendo a função de diretor espiritual e mestre dos noviços. Além desse encargo, confessava os habitantes do povoado que freqüentavam a igreja conventual. Foram estes que, pouco a pouco, notaram as características especiais do novo padre: suas Missas às vezes duravam três horas, pois com freqüência entrava em êxtase, e os conselhos que ele dava no confessionário revelavam alguém que "lia as almas".
Certa vez chegou uma jovem de Florença, muito atribulada, pois um familiar próximo tivera a desgraça de cometer suicídio, jogando-se no Rio Arno. Já havia ouvido falar do padre de San Giovanni, e depois da Missa dirigiu- se à sacristia para falar com ele . Apenas este viu a moça, inteiramente desconhecida dele, disse-lhe com doçura:
- Da ponte ao rio demora alguns segundos...
A jovem, surpresa e chorando, só pôde responder:
- Obrigada, padre.
Fatos maravilhosos como esse se repetiam todos os dias. Chegavam incrédulos que saíam arrependidos de sua falta de Fé. Pessoas tomadas de desespero recuperavam a confiança e a paz de alma. Enfermos retornavam curados a seus lares.
A companhia do Anjo da Guarda
Um traço revelador do privilegiado contato dele com o mundo sobrenatural é a estreita relação que manteve durante toda a vida com seu Anjo da Guarda, ao qual ele chamava de "o amigo de minha infância". Era seu melhor confidente e conselheiro. Quando ele ainda era menino, um de seus professores decidiu pôr à prova a veracidade dessa magnífica intimidade. Para tanto, escreveu-lhe várias cartas em francês e grego, línguas que o Pe. Pio então não conhecia. Ao receber as respostas, exclamou estupefato:
- Como podes saber o conteúdo, já que do grego não conheces sequer o alfabeto?
- Meu Anjo da Guarda me explica tudo.
Graças a um amigo como esse, junto ao auxílio sobrenatural de Jesus e Maria, o Santo pôde ir acrisolando sua alma nos numerosos sofrimentos físicos e morais que nunca lhe faltaram.
O amor as almas
Abrasado pelo amor de Deus e do próximo, o Padre Pio viveu em plenitude a vocação de contribuir para a redenção do homem, segundo a missão especial que caracterizou toda a sua vida e que ele cumpriu através da direção espiritual dos fiéis, da reconciliação sacramental dos penitentes e da celebração da Eucaristia. O momento mais alto da sua actividade apostólica era aquele em que celebrava a Santa Missa. Os fiéis, que nela participavam, pressentiam o ponto mais alto e a plenitude da sua espiritualidade.
No campo da caridade social, esforçou-se por aliviar os sofrimentos e misérias de tantas famílias, principalmente com a fundação da «Casa Sollievo della Sofferenza» (Casa Alívio do Sofrimento), que foi inaugurada no dia 5 de Maio de 1956.
Para o Padre Pio, a fé era a vida: tudo desejava e tudo fazia à luz da fé. Empenhou-se assiduamente na oração. Passava o dia e grande parte da noite em colóquio com Deus. Dizia: «Nos livros, procuramos Deus; na oração, encontramo-Lo. A oração é a chave que abre o coração de Deus». A fé levou-o a aceitar sempre a vontade misteriosa de Deus.
Viveu imerso nas realidades sobrenaturais. Não só era o homem da esperança e da confiança total em Deus, mas, com as palavras e o exemplo, infundia estas virtudes em todos aqueles que se aproximavam dele.O amor de Deus inundava-o, saciando todos os seus anseios; a caridade era o princípio inspirador do seu dia: amar a Deus e fazê-Lo amar. A sua particular preocupação: crescer e fazer crescer na caridade.
A máxima expressão da sua caridade para com o próximo, ve-mo-la no acolhimento prestado por ele, durante mais de 50 anos, às inúmeras pessoas que acorriam ao seu ministério e ao seu confessionário, ao seu conselho e ao seu conforto. Parecia um assédio: procuravam-no na igreja, na sacristia, no convento. E ele prestava-se a todos, fazendo renascer a fé, espalhando a graça, iluminando. Mas, sobretudo nos pobres, atribulados e doentes, ele via a imagem de Cristo e a eles se entregava de modo especial.
Exerceu de modo exemplar a virtude da prudência; agia e aconselhava à luz de Deus.
O seu interesse era a glória de Deus e o bem das almas. A todos tratou com justiça, com lealdade e grande respeito. Nele refulgiu a virtude da fortaleza. Bem cedo compreendeu que o seu caminho haveria de ser o da Cruz, e logo o aceitou com coragem e por amor. Durante muitos anos, experimentou os sofrimentos da alma. Ao longo de vários anos suportou, com serenidade admirável, as dores das suas chagas.
Um grande confessor
Quando Pe. Pio cantou sua primeira Missa solene, seu antigo professor, o Pe. Agostinho, fazendo a homilia, dirigiu ao neo-sacerdote estas palavras que se revelaram proféticas: "Não tens muita saúde, não podes ser um pregador. Desejo-te, pois, que sejas um grande confessor" .
Décadas mais tarde, alguém lhe perguntou qual missão havia ele recebido de Nosso Senhor Jesus Cristo, e o santo capuchinho respondeu com simplicidade: "Eu? Eu sou confessor" .
Os prodigiosos dons místicos que recebera da Providência não eram senão um anzol por meio do qual ele arrastava as almas a se purificarem de seus pecados no sacramento da Reconciliação. Passava até 15 horas por dia no confessionário .
A seus pés vinham ajoelhar-se pessoas de todas as idades e condições sociais, inclusive bispos e sacerdotes, em busca de absolvição, conselho e paz de alma. As filas de confissão eram enormes, a ponto de tornar necessária a distribuição de senhas numeradas para ordenar o atendimento.
Ele lia no interior das almas como em um livro aberto. Certo dia, um comerciante pediu-lhe a cura de uma filha muito enferma e recebeu esta resposta:
- Tu estás muito mais doente que tua filha. Vejo-te morto. Como podes sentir-te bem com tantos pecados na consciência? Estou vendo pelo menos trinta e dois...
Surpreso, o homem correspondeu prontamente à graça recebida: ajoelhou-se para se confessar. Quando terminou, disse para quantos quisessem ouvi-lo: "Ele sabia tudo e me disse tudo!"
Em outra oportunidade, um advogado de Gênova, ateu militante, decidiu ir a San Giovanni Rotondo para "desmascarar aquela fraude de frades". Mal entrou na sacristia junto com os peregrinos, o Pe. Pio, que nunca o havia visto antes, interpelou-o, denunciando suas más intenções. Em seguida, sem mais palavras, apontou-lhe o confessionário.
Ante a estupefação geral, o advogado ajoelhou-se, abriu seu coração e, com a ajuda do Santo, examinou toda a sua vida passada, de pecados e de luta contra a Santa Igreja. Ao levantar-se, era outro homem. Permaneceu três dias no convento, degustando a inocência readquirida, antes de regressar à sua cidade natal. A notícia dessa conversão foi objeto de manchetes nos órgãos de imprensa. Pouco depois ele retornou a San Giovanni para receber do Pe. Pio o escapulário da Ordem Terceira Franciscana .
Amor ao sofrimento
Quando o seu serviço sacerdotal esteve submetido a investigações, sofreu muito, mas aceitou tudo com profunda humildade e resignação. Frente a acusações injustificáveis e calúnias, permaneceu calado, sempre confiando no julgamento de Deus, dos seus superiores diretos e de sua própria consciência.
Recorreu habitualmente à mortificação para conseguir a virtude da temperança, conforme o estilo franciscano. Era temperante na mentalidade e no modo de viver.
Consciente dos compromissos assumidos com a vida consagrada, observou com generosidade os votos professados. Foi obediente em tudo às ordens dos seus Superiores, mesmo quando eram gravosas. A sua obediência era sobrenatural na intenção, universal na extensão e integral no cumprimento. Exercitou o espírito de pobreza, com total desapego de si próprio, dos bens terrenos, das comodidades e das honrarias. Sempre teve uma grande predileção pela virtude da castidade. O seu comportamento era, em todo o lado e para com todos, modesto.
Considerava-se sinceramente inútil, indigno dos dons de Deus, cheio de misérias e ao mesmo tempo de favores divinos. No meio de tanta admiração do mundo, ele repetia: «Quero ser apenas um pobre frade que reza».
Desde a juventude, a sua saúde não foi muito brilhante e, sobretudo nos últimos anos da sua vida, declinou rapidamente.
Minha Mãe, Vós partis e me deixais enfermo!?. . .
As enfermidades de Pe. Pio deixaram desconcertados todos os médicos que dele trataram. Com menos de 30 anos, foi examinado por um especialista em doenças pulmonares o qual prognosticou poucas semanas de vida... e ele viveu ainda mais de meio século. Seus estigmas sangraram diariamente por mais de cinqüenta anos, sem cicatrizar nem causar qualquer infecção .
Em 25 de abril de 1959 os médicos lhe diagnosticaram broncopneumonia complicada com pleurisia, o que o obrigou a um repouso absoluto. Ele sofria com isto, por ver-se privado de exercer seu ministério para o bem das almas.
Nesse mesmo dia, chegou à Itália a imagem de Nossa Senhora de Fátima. Em San Giovanni Rotondo, ela foi recebida pelo Arcebispo e todo o clero da região, junto com uma multidão de fiéis.
O Pe. Pio lhes havia dito: "Abramos nossos corações à confiança e à esperança. Nossa Senhora vem com as mãos cheias de graças e bênçãos. Devemos amar nossa Mãe celestial com perseverança, e Ela não nos abandonará na dor quando partir daqui".
Movendo-se em cadeira de rodas, o Santo tinha podido oscular os pés da imagem sagrada e colocar um Rosário entre suas mãos. Naquela tarde, ela partiu de helicóptero do terraço do hospital, com destino à Sicília, dando três voltas em torno do convento, para uma última bênção à multidão reunida na praça.
Postado numa janela, o Pe. Pio olhava tudo e, não podendo conter-se, exclamou:
- Senhora! Minha Mãe, estou enfermo desde o dia de vossa chegada à Itália... Vós partis agora e me deixais assim!?
No mesmo instante sentiu um "calafrio nos ossos" e disse a seus irmãos presentes:
- Estou curado!
E estava mesmo. No dia 10 de agosto pôde celebrar Missa novamente, e declarou: "Estou são e forte como nunca antes em minha vida".
No final, a glorificação
A irmã morte levou-o, preparado e sereno, no dia 23 de Setembro de 1968; tinha ele 81 anos de idade. O seu funeral caracterizou-se por uma afluência absolutamente extraordinária de gente.
No dia 20 de Fevereiro de 1971, apenas três anos depois da morte do Padre Pio, Paulo VI, dirigindo-se aos Superiores da Ordem dos Capuchinhos, disse dele: «Olhai a fama que alcançou, quantos devotos do mundo inteiro se reúnem ao seu redor! Mas porquê? Por ser talvez um filósofo? Por ser um sábio? Por ter muitos meios à sua disposição? Não! Porque celebrava a Missa humildemente, confessava de manhã até à noite e era - como dizê-lo?! - a imagem impressa dos estigmas de Nosso Senhor. Era um homem de oração e de sofrimento».
Já gozava de larga fama de santidade durante a sua vida, devido às suas virtudes, ao seu espírito de oração, de sacrifício e de dedicação total ao bem das almas.
Nos anos que se seguiram à sua morte, a fama de santidade e de milagres foi crescendo cada vez mais, tornando-se um fenômeno eclesial, espalhado por todo o mundo e em todas as categorias de pessoas.
Assim Deus manifestava à Igreja a vontade de glorificar na terra o seu Servo fiel. Não tinha ainda passado muito tempo quando a Ordem dos Frades Menores Capuchinhos empreendeu os passos previstos na lei canónica para dar início à Causa de beatificação e canonização. Depois de tudo examinado, como manda o Motu proprio «Sanctitas Clarior», a Santa Sé concedeu o nihil obstat no dia 29 de Novembro de 1982. O Arcebispo de Manfredónia pôde assim proceder à introdução da Causa e à celebração do processo de averiguação (1983-1990). No dia 7 de Dezembro de 1990, a Congregação das Causas dos Santos reconheceu a sua validade jurídica. Ultimada a Positio, discutiu-se, como é costume, se o Servo de Deus tinha exercitado as virtudes em grau heróico. No dia 13 de Junho de 1997, realizou-se o Congresso Peculiar dos Consultores Teólogos, com resultado positivo. Na Sessão Ordinária de 21 de Outubro seguinte, tendo como Ponente da Causa o Exmo. e Revmo. D. Andrea Maria Erba, Bispo de Velletri-Segni, os Cardeais e Bispos reconheceram que o Padre Pio de Pietrelcina exercitou em grau heróico as virtudes teologais, cardeais e anexas.
No dia 18 de Dezembro de 1997, na presença do Papa João Paulo II foi promulgado o Decreto sobre a heroicidade das virtudes. Para a beatificação do Padre Pio, a Postulação apresentou ao Dicastério competente a cura da senhora Consiglia de Martino, de Salerno. Sobre o caso desenrolou-se o Processo canônico regular no Tribunal Eclesiástico da arquidiocese de Salerno-Campanha-Acerno, desde Julho de 1996 até Junho de 1997. Na Congregação das Causas dos Santos, realizou-se, no dia 30 de Abril de 1998, o exame da Consulta Médica e, no dia 22 de Junho do mesmo ano, o Congresso Peculiar dos Consultores Teólogos. No dia 20 de Outubro seguinte, reuniu-se no Vaticano a Congregação Ordinária dos Cardeais e Bispos, membros do Dicastério, e, no dia 21 de Dezembro de 1998, foi promulgado, na presença do Papa João Paulo II, o Decreto sobre o milagre.
No dia 2 de Maio de 1999, durante uma solene Celebração Eucarística na Praça de São Pedro, Sua Santidade João Paulo II, com sua autoridade apostólica, declarou Beato o Venerável Servo de Deus Pio de Pietrelcina, estabelecendo no dia 23 de Setembro a data da sua festa litúrgica.
Para a canonização do Beato Pio de Pietrelcina, a Postulação apresentou ao competente Dicastério o restabelecimento do pequeno Matteo Pio Collela de São Giovanni Rotondo. Sobre este caso foi elaborado um processo canônico no Tribunal Eclesiástico da arquidiocese de Manfredonia-Vieste, que decorrem de 11 de Junho a 17 de Outubro de 2000. No dia 23 de Outubro de 2000, a documentação foi entregue à Congregação das Causas dos Santos. No dia 22 de Novembro de 2001 é aprovado, na Congregação das Causas dos Santos, o exame da Consulta Médica. No dia 11 de Dezembro de 2001, é julgado pelo Congresso Peculiar dos Consultores Teólogos e, no dia 18 do mesmo mês, pela Sessão Ordinária dos Cardeais e Bispos. No dia 20 de Dezembro, na presença do Papa João Paulo II, foi promulgado o Decreto sobre o milagre; no dia 26 de Fevereiro de 2002, foi publicado o Decreto sobre a sua canonização.
Fontes: 





pdre Pio







sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Papa se encontra em Londres com chefe da Igreja Anglicana


Londres (Sexta-feira, 17-09-2010, Gaudium Press) Depois de participar de uma pequena cerimônia privada na nunciatura apostólica em Londres, onde se encontra hospedado, o Papa Bento XVI deu continuidade às atividades de seu segundo dia na Grã-Bretanha fazendo uma visita de cortesia ao chefe da Igreja Anglicana no país, o arcebispo de Canterbury Rowan Williams.
O encontro ocorreu por volta das 16 horas locais na residência oficial do prelado anglicano, o Palácio Lamberth. Bento XVI foi recebido em seu chegada, de forma bastante acolhedora e alegre, pelo próprio arcebispo, e ambos se dirigiram à biblioteca do palácio - a mais antiga biblioteca do país, com 400 anos - onde se deu a reunião. Participaram do encontro o arcebispo de York, o primaz da Escócia, o arcebispo de Gales e os bispos de Londres e de Winchester, além de diversos outros prelados anglicanos e católicos.
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Papa caminha ao lado do arcebispo de Canterbury, Rowan Williams, tendo ao fundo o Palácio Lamberth









O Papa falou após a introdução e o discurso do arcebispo. Em sua alocução, Bento XVI primeiramente agradeceu o fato de poder devolver a visita de cortesia feita pelo arcebispo a ele em Roma e também o convite e a presença dos bispos de ambas as religiões ali presentes, bem como assessores ecumênicos.
Em seguida, o Santo Padre destacou o "encontro histórico" ocorrido três décadas atrás entre o Papa João Paulo II e o arcebispo anglicano Robert Runcie, na Catedral de Canterbury, onde ambos rezaram pela unidade entre os seguidores de Cristo. "Nós continuamos a rezar hoje por este dom, sabendo que a unidade que Cristo desejou para seus discípulos só virá em resposta à oração, através da ação do Espírito Santo, que incessantemente renova a Igreja e a conduz para a plenitude da verdade", declarou o pontífice.
Bento XVI disse que, apesar "bem conhecidas por todos aqui", não pretendia mencionar as dificuldades no caminho ecumênico entre as duas religiões, preferindo saudar a "profunda amizade" crescida entre ele e o arcebispo Williams e destacando o progresso em diversas áreas do diálogo entre as partes desde o trabalho iniciado, há 40 anos, pela Comissão Internacional Anglicano-Católica Romana.
"O contexto no qual o diálogo ocorre entre a Comunhão Anglicana e a Igreja Católica evoluiu de forma dramática desde o encontro privado entre o Papa João XXIII e o arcebispo Geoffrey D. Fisher, em 1960", recordou o Papa. "Por um lado, a cultura ao redor está crescendo cada vez mais distante de suas raízes cristãs, apesar de uma fome profunda e generalizada pelo alimento espiritual. Por outro lado, a dimensão cada vez mais multicultural da sociedade, particularmente acentuada no país, traz com si a oportunidade de encontrar outras religiões. Para nós, cristãos, isso abre a possibilidade de explorar, juntamente com membros de outras tradições religiosas, maneiras de testemunhar a dimensão transcendente da pessoa humana e da vocação universal à santidade, levando à prática da virtude em nossas vidas pessoais e sociais", completou.
O Papa ressaltou que os cristãos devem proclamar a fé na "unicidade da salvação" em Cristo e procurar, juntos, meios para se chegar a essa salvação oferecida por Deus. Esse caminho, afirmou, deve ser percorrido em fidelidade a Cristo e reconhecendo que a Igreja é chamada a ser inclusiva, mas nunca às custas da verdade Cristã, "dilema do ecumenismo".
Sobre a beatificação do Cardeal John Herny Newman, que preside no domingo, o pontífice fez questão de frisar em seu discurso que o cardeal representa, mais que as diferenças, a amizade entre os dois credos cristãos.

"Trata-se de um homem da igreja cuja visão eclesial era alimentada por seu panorama anglicano (...). Ele pode ensinar-nos as virtudes que o ecumenismo exige: por um lado, mudou-se para seguir a sua consciência, mesmo a um grande custo pessoal, e por outro lado, o calor de sua amizade continuou com seus antigos colegas, e o levou a explorar com eles as questões sobre as quais eles diferiam, impulsionado por um profundo anseio pela unidade na fé", concluiu Bento XVI.
Ao final, Bento XVI pediu a todos a renovação da determinação deste objetivo de unidade. O encontro do Papa com o primado anglicano encerrou-se com a oração do "Pai Nosso".

sábado, 11 de setembro de 2010

Papa pede a bispos do Regional Nordeste 3 que se dediquem a uma evangelização mais profunda


Castel Gandolfo (Sexta-feira, 10-09-2010, Gaudium Press) Nesta sexta-feira de manhã, na Sala dos Suíços do palácio apostólico de Castel Gandolfo, o Papa Bento XVI recebeu todos os bispos brasileiros que compõem o Regional Nordeste 3 da CNBB (estados da Bahia e Sergipe) e estiveram em Roma nos últimos dias em visita "Ad Limina Apostolorum", sendo recebidos ao longo da semana separadamente pelo pontífice.
No começo do encontro, o bispo de Itabuna e presidente do Regional, Dom Ceslau Stanula, falou ao Papa em nome dos 28 prelados presentes. Em seu discurso a Bento XVI, Dom Ceslau revelou que os bispos esperavam ansiosamente pelo encontro com o Papa e que todos estavam em Roma como "sucessores dos apóstolos", para venerar os túmulos de São Pedro e São Paulo, visitarem o Bispo de Roma e reafirmar a comunhão com o Sucessor de Pedro.
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No encontro, Dom Ceslau falou ao Papa em nome dos 28 prelados presentes
Em seguida, Dom Ceslau reafirmou ao Papa o compromisso de todos os bispos do Regional em garantir uma formação sacerdotal adequada aos seminaristas e disse estar preocupado com o aumento do número de pessoas que se declaram sem religião.
"São pessoas que não se dizem ateias, mas indiferentes às realidades sobrenaturais, a qualquer religião; e o número destas está bastante elevado. Se houve, anos atrás, o crescimento das seitas, principalmente daquelas que confessam a chamada teologia da prosperidade, hoje o número delas está diminuindo, mas cresce o número dos sem religião. Como consequência diminui o número dos batizados e principalmente o dos casamentos religiosos", disse o bispo.
Outras preocupações regionais apresentadas por Dom Ceslau foram o crescimento das separações e dos segundos casamentos e a violência - em especial entre os jovens -, decorrente da pobreza, do desemprego, da fragilidade da vida familiar e do relativismo religioso. "Estes problemas nos questionam e nos interpelam a procurar novas formas da pastoral a fim de atingir essas pessoas (...)".
Dom Ceslau concluiu seus discurso pedindo para todos os fiéis, para todos da Bahia e Sergipe, a confortadora Bênção Apostólica do Santo Padre.

Evangelização mais profunda
Bento XVI, por sua vez, procurou enfatizar em suas recomendações aos bispos do Nordeste brasileiro que dessem prioridade à uma evangelização profunda dos fiéis, a afim de evitar que abandonem a Igreja e sejam absorvidos por outros credos em crescimento no país, em especial os evangélicos e neo-pentecostais.
"Há mais de cinco séculos, justamente na vossa região, se celebrava a primeira Missa no Brasil, tornando realmente presente o Corpo e o Sangue de Cristo para a santificação dos homens e das mulheres desta bendita nação que nasceu sob os auspícios da Santa Cruz. Era a primeira vez que o Evangelho de Cristo vinha a ser proclamado a este povo, iluminando a sua vida diária. Esta ação evangelizadora da Igreja Católica foi e continua sendo fundamental na constituição da identidade do povo brasileiro caracterizada pela convivência harmônica entre pessoas vindas de diferentes regiões e culturas. Porém, ainda que os valores da fé católica tenham moldado o coração e o espírito brasileiros, hoje se observa uma crescente influência de novos elementos na sociedade, que há algumas décadas eram-lhe praticamente alheios. Isso provoca um consistente abandono de muitos católicos da vida eclesial ou mesmo da Igreja, enquanto no panorama religioso do Brasil, se assiste à rápida expansão de comunidades evangélicas e neo-pentecostais".
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Santo Padre demonstrou preocupação com que os fiéis abandonem a Igreja e sejam absorvidos por outros credos 
Para o Papa, as razões para o "êxito" destas crenças são diversas, entre elas a "sede de Deus" do povo. Mas Bento XVI vê claros sinais de falhas em "batizados não suficientemente evangelizados".
"É um indício de uma evangelização, a nível pessoal, às vezes superficial; de fato, os batizados não suficientemente evangelizados são facilmente influenciáveis, pois possuem uma fé fragilizada e muitas vezes baseada num devocionismo ingênuo, embora, como disse, conservem uma religiosidade inata. Diante deste quadro emerge, por um lado, a clara necessidade que a Igreja católica no Brasil se empenhe numa nova evangelização que não poupe esforços na busca de católicos afastados bem como daquelas pessoas que pouco ou nada conhecem sobre a mensagem evangélica, conduzindo-os a um encontro pessoal com Jesus Cristo, vivo e operante na sua Igreja".
Segundo o Papa, os pastores católicos devem também "estabelecer pontes" de contato com um diálogo ecumênico baseado na verdade como forma de debelar e minimizar esse êxodo. Bento XVI disse que é preciso ainda uma adequada formação histórica e doutrinal e enfatizou a defesa dos valores morais fundamentais contra o relativismo e o consumismo.
O Santo Padre concluiu concedendo a todos a sua Bênção Apostólica.