sábado, 20 de fevereiro de 2010

MOSTRA DO SANTO SUDÁRIO DEVERÁ TER 'ALCANCE MUNDIAL' .



ROMA, 17 FEV (ANSA) - A Igreja Católica anunciou hoje que entre 10 de abril e 23 de maio será realizada a primeira exibição pública do Santo Sudário em dez anos. Até o momento, segundo dados da organização da mostram, já há um milhão de reservas.

O presidente do Comitê do Santo Sudário na ItáliaFiorenzo Alfieri, explicou em uma cerimônia os detalhes do evento, que segundo ele, terá um "alcance mundial".

"Há dez anos, 60 dias antes do começo da exibição [realizada naquela época], havíamos registrado cerca de 250 reservas, neste ano, chegamos a um milhão", disse Alfieri, que acrescentou que cerca de 65 mil são do exterior.

A visita mais esperada será a de Bento XVI, prevista para o dia 2 de maio, ocasião na qual celebrará uma missa na Piazza San Carlo, a principal do centro de Turim, e se reunirá com jovens da região.

Alfieri esclareceu ainda que cada visitante terá apenas três minutos para observar o tecido, ao mesmo tempo em que reiterou que esta será uma "grande" oportunidade aos cristãos de todo o mundo, já que será também a primeira vez que a relíquia é exibida desde a restauração à qual foi submetida em 2002, na qual foi retirado o pedaço de pano que havia sido costurado por freiras em 1534, depois que a peça foi danificada por fogo.

Segundo o presidente da Comissão Diocesana para o Santo Sudário, Dom Giuseppe Ghiberti, a exibição da relíquia levará a Turim peregrinos de diferentes confissões cristãs, como "os ortodoxos, inclusive o colaborador mais próximo de Cirilo, o Patriarca de Moscou" e Toda Rússia.

Sobre a restauração, Dom Ghiberti esclareceu que "existe o risco de que com a oxidação a cor da tela tenha ficado mais escura e, por isso, a imagem menos clara".

O Santo Sudário "é o fiel reflexo da narração literária contida nos Evangelhos, e ainda que fora somente por isso é motivo de grande interesse, muito além das disputas cientificas" em relação à autenticidade da peça, continuou Ghiberti, referindo-se aos questionamentos da ciência.

"Até o momento ninguém deu uma resposta definitiva" a essas indagações, apontou o religioso, mantendo a linha da Igreja católica, que nunca declarou oficialmente que o tecido de fato envolvo corpo de Jesus Cristo.

"Posto que não é uma questão de fé, a Igreja não deve interceder nestes debates. Aos cientistas corresponde a tarefa de continuar investigando para chegar a respostas adequadas às perguntas relacionadas a este sudário", completou.

O Santo Sudário, uma das relíquias mais famosas do Cristianismo, é um tecido de linho puro, que teria envolvido o corpo de Jesus após a crucificação. Em 1989, parte do tecido foi submetida ao teste do carbono-14 em laboratórios suíços, norte-americanos e britânicos.

Os resultados dos testes comprovaram que o material analisado era da idade medieval e, portanto, seria falso. Contudo, há estudiosos que sustentam que o pano analisado teria sido justamente o material inserido pelas irmãs no século XVI.

Anglicanos australianos passam para a Igreja Católica.


Um grupo de anglicanos conservadores, na Austrália, votou para entrar em comunhão com a Igreja Católica, aceitando a proposta do Papa de criar um Ordinariato Pessoal.

A delegação Australiana da Forward in Faith, um grupo que reúne anglicanos de tendência conservadora, tomou a decisão de pedir para entrar em comunhão com a Igreja Católica.
A decisão surge poucos meses depois da Igreja ter publicado a constituição apostólica Anglicanorum Coetibus, que prevê a criação de ordinariatos pessoais para ex-anglicanos, onde estes possam manter aspectos do seu património litúrgico e espiritual.
A Forward in Faith conta com relativamente poucos membros, mas espera-se que o seu exemplo seja seguido por uma parte significativa dos membros da delegação britânica.

A próxima segunda-feira, dia da Cátedra de São Pedro, foi designada pela Forward in Faith do Reino Unido como dia de oração e discernimento com vista a uma tomada de posição.

Entretanto Paul Richardson, que até ano passado era Bispo anglicano de Newcastle, anunciou publicamente que se tornou católico no mês de Janeiro.

Richardson, que havia renunciado à sua posição hierárquica o ano passado, afirmou que não faz tensões de aderir a um futuro ordinariato, e que ainda não decidiu se vai pedir para ser ordenado padre católico, mas que por enquanto está perfeitamente feliz como um católico comum.









quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Catequese de Bento XVI na Quarta-feira de Cinzas 2010

Vatican Information Service 

Queridos irmãos e irmãs!

iniciamos hoje, Quarta-feira de cinzas, o caminho quaresmal: um caminho que se desenrola por quarenta dias e que nos leva à alegria da Páscoa do Senhor. Neste itinerário espiritual não estamos sozinhos, porque a Igreja nos acompanha e nos apoia desde o início com a Palavra de Deus, que inclui um programa de vida espiritual e empenho penitencial, e com a graça dos Sacramentos.

São as palavras do apóstolo Paulo que nos apresentam uma entrega necessária: "Exortamo-vos a que não recebais a graça de Deus em vão. [...] Agora é o tempo favorável, agora é o dia da salvação!" (II Cor 6, 1-2). Com efeito, na visão cristã da vida, todos os momentos devem ser favoráveis e todo o dia deve ser dia de salvação, mas a liturgia da Igreja refere esta palavra de um modo todo particular neste tempo da Quaresma. E que os quarenta dias de preparação para a Páscoa são um tempo favorável e de graça o podemos realmente compreender no apelo que o austero rito de imposição das cinzas nos dirige e que se expressa com duas fórmulas: "Convertei-vos e crede no evangelho!", "Lembra-te que és pó e ao pó voltarás".


O primeiro convite é à conversão, palavra que deve ser compreendida em sua extraordinária seriedade, colhendo a surpreendente novidade que expressa. O apelo à conversão, de fato, expõe e denuncia a superficialidade fácil que muitas vezes caracteriza o nosso viver. Converter-se significa mudar a direção no caminho da vida: não, porém, com um pequeno ajuste, mas com uma verdadeira e real inversão de marcha. A conversão é ir contra a corrente, onde a "corrente" é o estilo de vida superficial, incoerente e ilusório, que muitas vezes nos arrasta, nos domina e nos torna escravos do mal ou como que prisioneiros da mediocridade moral. Com a conversão, ao contrário, se aponta para a medida alta da vida cristã, nos confiamos ao Evangelho vivo e pessoal, que é Cristo Jesus. É a Sua pessoa o objetivo final e o significado profundo da conversão, é Ele o caminho ao qual todos somos chamados a caminhar na vida, deixando-se iluminar pela sua luz e sustentar pela sua força que move os nossos passos. Desse modo, a conversão manifesta a sua face mais esplêndida e fascinante: não é apenas uma simples decisão moral, que corrige os nossos modos de vida, mas é uma escolha de fé, que nos atrai inteiramente na comunhão íntima com a pessoa viva e concreta de Jesus. Converter-se e crer no Evangelho não são duas coisas distintas ou, de qualquer modo, justapostas entre si, mas expressam a mesma realidade. A conversão é o "sim" total de quem entrega a própria existência ao Evangelho, respondendo livremente a Cristo que por primeiro se oferece ao homem como caminho, verdade e vida, como aquele que o livra e salva. Exatamente esse é o significado das primeiras palavras com que, segundo o evangelista Marcos, Jesus abre a pregação do "Evangelho de Deus": ""Completou-se o tempo e o Reino de Deus está próximo; fazei penitência e crede no Evangelho" (Mc 1, 15).

O "convertei-vos e crede no evangelho" não está apenas ao início da vida cristã, mas acompanha todos os seus passos, ainda que se renovando e difundindo ramos em todas as suas expressões. Cada dia é um momento favorável e de graça, porque todos os dias nos solicitam uma entrega a Jesus, a ter confiança n'Ele, a permanecer n'Ele, a compartilhar de Seu estilo de vida, a aprender d'Ele o amor verdadeiro, a segui-Lo no cumprimento cotidiano da vontade do Pai, a única grande lei da vida. Todos os dias, também lá nas dificuldades e fadigas, nos cansaços e nas quedas, mesmo quando somos tentados a abandonar o caminho do seguimento de Cristo e fechar-mo-nos em nós mesmos, no nosso egoísmo, sem dar-se conta da necessidade que temos de nos abrir ao amor de Deus em Cristo, para viver a mesma lógica da justiça e do amor. Na recente Mensagem para a Quaresma, desejei recordar que "é necessário humildade para aceitar que se precisa que um Outro me liberte do 'meu' para me dar gratuitamente o 'seu'. Isto acontece particularmente nos sacramentos da Penitência e da Eucaristia. Graças à ação de Cristo, nós podemos entrar na justiça 'maior', que é aquela do amor (cf. Rom 13,8-10), a justiça de quem se sente, em todo o caso, sempre mais devedor do que credor, porque recebeu mais do que aquilo que poderia esperar".

O momento favorável e de graça da Quaresma mostra-nos o seu próprio significado espiritual através da antiga fórmula: Recorda-te que és pó e ao pó voltarás, que o sacerdote pronuncia quando impõe sobre a nossa cabeça um pouco de cinzas. Somos, assim, reportados ao início da história humana, quando o Senhor disse a Adão depois do pecado original: "Comerás o teu pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de que foste tirado; porque és pó, e pó te hás de tornar" (Gn 3, 19). Aqui, a palavra de Deus nos recorda de nossa fragilidade, também de nossa morte, que é a sua forma mais extrema. Frente ao medo inato do fim, e ainda mais no contexto de uma cultura que, de diversos modos, tende a censurar a realidade e a experiência humana de morrer, a liturgia quaresmal, por um lado, nos lembra da morte e nos convida ao realismo e à sabedoria, mas, por outro lado, exorta-nos sobretudo a compreender e a viver na novidade inesperada que a fé cristã irradia na realidade da própria morte.

O homem é pó e ao pó retornará, mas é pó precioso aos olhos de Deus, porque Deus criou o homem destinando-o à imortalidade. Assim, a fórmula litúrgica "Lembra-te que és pó e ao pó voltarás" encontra a plenitude de seu significado em referência ao novo Adão, Cristo. Também o Senhor Jesus quis livremente compartilhar com todos os homens o destino da fragilidade, especialmente através de sua morte na cruz; mas é esta morte, cheia do Seu amor pelo Pai e pela humanidade, que se torna caminho para a gloriosa ressurreição, através do qual Cristo se tornou uma fonte de graça dada àqueles que crêem n'Ele e se tornam participantes de sua própria vida divina. Esta vida que não terá fim já está em curso na fase terrena da existência, mas será levada a termo após "a ressurreição da carne". O pequeno gesto de imposição das cinzas nos revela a extraordinária riqueza de seu significado: é um convite à percorrer o Tempo Quaresmal como uma imersão mais conciente e intensa no mistério pascal de Jesus, em sua morte e ressurreição, através da participação na Eucaristia e da vida de caridade, que nasce da Eucaristia e na qual encontra sua realização. Com a imposição das cinzas, renovamos o nosso compromisso de seguir Jesus, de nos deixar ser transformado por seu mistério pascal, para vencer o mal e fazer o bem, para fazer morrer o nosso "homem velho" ligado ao pecado e fazer nascer o "homem novo" transformado pela graça de Deus.

Queridos amigos! Enquanto nos preparamos para percorrer o austero itinerário quaresmal, queremos invocar com particular confiança a proteção e a ajuda da Virgem Maria. Seja Ela, a primeira crente em Cristo, a acompanhar-nos nestes quarenta dias de intensa oração e de sincera penitência, a fim de celebrar, purificados e totalmente renovados na mente e no espírito, o grande mistério da Páscoa de Seu Filho.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Significado da Cerimônia de Cinzas


A Igreja nos indica, nas orações recitadas por seus ministros, o significado da cerimônia das Cinzas: "Ó Deus, que não quereis a morte do pecador mas a sua conversão, escutai com bondade as nossas preces e dignai-vos abençoar estas cinzas que vamos colocar sobre as nossas cabeças. E assim reconhecendo que somos pó e que ao pó voltaremos, consigamos, pela observância da Quaresma, obter o perdão dos pecados e viver uma vida nova à semelhança do Cristo ressuscitado". É, pois, a penitência que a Igreja nos quer ensinar pela cerimônia deste dia.

Já no Antigo Testamento os homens cobriam se de cinzas para exprimir sua dor e humilhação, como se pode ler no livro de Jó. Nos primeiros séculos da Igreja os penitentes públicos apresentavam-se nesse dia ao bispo ou penitenciário: pediam perdão revestidos de um saco, e como sinal de sua contrição cobriam a cabeça de cinzas. Mas como todos os homens são pecadores, diz santo Agostinho, essa cerimônia estendeu-se a todos os fiéis, para lhes recordar o preceito da penitência. Não havia exceção alguma: pontífices, bispos, sacerdotes, reis, almas inocentes, todos se submetiam a essa humilhante expressão de arrependimento.

Tenhamos os mesmos sentimentos: deploremos as nossas faltas ao recebermos das mãos do ministro de Deus as cinzas bentas pelas orações da Igreja. Quando o sacerdote nos disser "lembra-te que és pó, e ao pó hás de tornar", ou "convertei-vos e crede no Evangelho", enquanto impõe as cinzas, humilhemos o nosso espírito pelo pensamento da morte que, reduzindo-nos ao pó, nos porá sob os pés de todos. Assim dispostos, longe de lisonjearmos o nosso corpo destinado à dissolução, decidir-nos-emos a tratá-lo com dureza, a refrear o nosso paladar, os nossos olhos, os nossos ouvidos, a nossa língua, todos os sentidos; a observar, o mais possível, o jejum e a abstinência que a Igreja nos prescreve.

Meu Deus, inspirai-me verdadeiros sentimentos de humildade, pela consideração do meu nada, ignorância e corrupção. Dai-me o mais vivo arrependimento das minhas iniqüidades, que feriram vossas perfeições infinitas, contristaram vosso coração de pai, crucificaram vosso Filho dileto, e me causaram um mal maior do que a perda da vida do corpo, pois que o pecado mortal é a morte da alma e nos expõe a uma morte eterna.


A Igreja sempre admoestou os fiéis a não nos se contentarem com sinais externos de penitência, mas a lhe beberem o espírito e os sentimentos. Jejuemos, diz ela, como o Senhor deseja, mas acompanhemos o jejum com lágrimas de arrependimento, prosternando-nos diante de Deus e deplorando a nossa ingratidão na amargura dos nossos corações. Mas essa contrição, para ser proveitosa, deve ser acompanhada de confiança. Por isso a Igreja sempre nos lembra que nosso Deus é cheio de bondade e misericórdia, sempre pronto a perdoar-nos, o que é um forte motivo para esperarmos firmemente a remissão das nossas faltas, se delas nos arrependermos. Deus não despreza jamais um coração contrito e humilhado.


A liturgia termina exortando-nos a tomarmos generosas resoluções confiando em Deus: "Pecamos, Senhor, porque nos esquecemos de vós. Voltemo-nos logo para o bem, sem esperar que a morte chegue e que já não haja tempo. Ouvi-nos, Senhor, tende piedade, porque pecamos contra vós. Ajudai-nos, ó Deus salvador, pela glória do vosso nome libertai-nos". O pensamento da morte convida-nos ainda a viver mais santamente, e quão eficaz é essa recordação!


À borda do túmulo e à porta do tribunal supremo, quem ousaria enfrentar o seu Juiz, ofendendo-o e recusando o arrependimento ou vivendo na negligência, tibieza e relaxamento? Colocai-vos em espírito em vosso leito de morte e armai-vos dos sentimentos de compunção que então quereríeis ter. Depositai vossa confiança na misericórdia divina, nos méritos de Jesus e na intercessão da divina Mãe. Prometei ainda ao Senhor:


- 1º de cortar aos vossos pensamentos, conversas e procedimento tudo o que lhe desagrada;

- 2º de viver quanto possível na solidão, no silêncio e, sobretudo, no recolhimento interior que favorece em vosso espírito a oração e vos separa de tudo que não é Deus.


Adaptado de Quarta-Feira de Cinzas, em Meditações para todos os dias do ano. Pe. Luís Bronchain CSSR, Petrópolis, Editora Vozes, 1949 (2ª edição em português, pag. 132-134)

Quarta-feira de Cinzas: Início da Quaresma


A liturgia da Quarta-Feira de Cinzas recorda-nos nossa condição de mortais: "Memento homo quia pulvises et in pulverem reverteris - Lembra-te, homem, de que és pó e ao pó hás de voltar" .... Neste início de Quaresma, procuremos, mais ainda do que a mortificação corporal, aceitar o convite que a Liturgia sabiamente nos faz, combatendo o amor próprio com todas as nossas forças. "Procurai o mérito, procurai a causa, procurai a justiça; e vede se encontrais outra coisa que não seja a graça de Deus". (Sto. Agostinho)

Ao receber daqui a pouco as cinzas sobre a cabeça, ouviremos mais uma vez um claro convite à conversão que pode expressar-se numa fórmula dupla: "Convertei-vos e acreditai no evangelho", ou: "Recorda-te que és pó e em pó te hás-de tornar".

Precisamente devido à riqueza dos símbolos e dos textos bíblicos, a Quarta-Feira de Cinzas é considerada a "porta" da Quaresma. De fato, a hodierna liturgia e os gestos que a distinguem formam um conjunto que antecipa de modo sintético a própria fisionomia de todo o período quaresmal. Na sua tradição, a Igreja não se limita a oferecer-nos a temática litúrgica e espiritual do itinerário quaresmal, mas indica-nos também os instrumentos ascéticos e práticos para o percorrer frutuosamente.



"Convertei-vos a mim de todo o vosso coração com jejuns, com lágrimas, com gemidos". (Joel 2,12). Os sofrimentos, as calamidades que afligiam naquele tempo a terra de Judá estimulam o autor sagrado a encorajar o povo eleito à conversão, isto é, a voltar com confiança filial ao Senhor dilacerando o seu coração e não as vestes. De fato, recorda o profeta, ele "é clemente e compassivo, paciente e rico em misericórdia e se compadece da desgraça" (2, 13). O convite que Joel dirige aos seus ouvintes também é válido para nós.

Não hesitemos em reencontrar a amizade de Deus perdida com o pecado; encontrando o Senhor experimentamos a alegria do seu perdão. E assim, quase respondendo às palavras do profeta, fizemos nossa a invocação do refrão do Salmo 50: "Perdoai-nos Senhor, porque pecamos". Proclamando, o grande Salmo penitencial, apelamo-nos à misericórdia divina; pedimos ao Senhor que o poder do seu amor nos volte a dar a alegria de sermos salvos.

Com este espírito, iniciamos o tempo favorável da Quaresma, como nos recordou São Paulo: "Aquele que não havia conhecido o pecado, diz ele, Deus o fez pecado por nós, para que nos tornássemos, nele, justiça de Deus" (2 Cor 5, 21), para nos deixarmos reconciliar com Deus em Cristo Jesus. O Apóstolo apresenta-se como embaixador de Cristo e mostra claramente como precisamente através d'Ele, seja oferecida ao pecador, isto é a cada um de nós, a possibilidade de uma reconciliação autêntica.


Só Cristo pode transformar qualquer situação de pecado em novidade de graça. Eis por que assume um forte impacto espiritual a exortação que Paulo dirige aos cristãos de Corinto: "Em nome de Cristo suplicamo-vos: reconciliai-vos com Deus"; e ainda: "Este é o tempo favorável, é este o dia da salvação" (5, 20; 6, 2). Enquanto Joel falava do futuro dia do Senhor como de um dia de terrível juízo, São Paulo, referindo-se às palavras do profeta Isaías, fala de "momento favorável", de "dia da salvação". O futuro dia do Senhor tornou-se o "hoje". O dia terrível transformou-se na Cruz e na Ressurreição de Cristo, no dia da salvação. E este dia é agora, como nos diz o Canto ao Evangelho: "Hoje não endureçais os vossos corações, mas ouvi a voz do Senhor". O apelo à conversão, à penitência ressoa hoje com toda a sua força, para que o seu eco nos acompanhe em cada momento da vida.


A liturgia da Quarta-Feira de Cinzas indica assim na conversão do coração a Deus a dimensão fundamental do tempo quaresmal. Esta é a chamada muito sugestiva que nos vem do tradicional rito da imposição das cinzas, que daqui a pouco renovaremos. Rito que assume um dúplice significado: o primeiro relativo à mudança interior, à conversão e à penitência, enquanto o segundo recorda a precariedade da condição humana, como é fácil compreender das duas fórmulas diversas que acompanham o gesto.

Amados irmãos e irmãs, temos quarenta dias para aprofundar esta extraordinária experiência ascética e espiritual. No Evangelho (cf. Mt 6, 1-6.16-18), Jesus indica quais são os instrumentos úteis para realizar a autêntica renovação interior e comunitária: as obras de caridade (a esmola), a oração e a penitência (o jejum). São as três práticas fundamentais queridas também à tradição hebraica, porque contribuem para purificar o homem aos olhos de Deus.

Estes gestos exteriores, que devem ser realizados para agradar a Deus e não para obter a aprovação e o consenso dos homens, são por Ele aceites se expressam a determinação do coração a servi-l'O, com simplicidade e generosidade. Recorda-nos isto também um dos Prefácios quaresmais onde, em relação ao jejum, lemos esta singular expressão: "ieiunio... mentem elevas: com o jejum elevas o espírito" (Prefácio IV).

O jejum, ao qual a Igreja nos convida neste tempo forte, certamente não nasce de motivações de ordem física ou estética, mas brota da exigência que o homem tem de uma purificação interior que o desintoxique da poluição do pecado e do mal; que o eduque para aquelas renúncias saudáveis que libertam o crente da escravidão do próprio eu; que o torne mais atento e disponível à escuta de Deus e ao serviço dos irmãos. Por esta razão o jejum e as outras práticas quaresmais são consideradas pela tradição cristã "armas" espirituais para combater o mal, as paixões negativas e os vícios.

A este propósito, apraz-me ouvir de novo convosco um breve comentário de São João Crisóstomo. "Como no findar do Inverno escreve ele volta a estação do Verão e o navegante arrasta para o mar a nave, o soldado limpa as armas e treina o cavalo para a luta, o agricultor lima a foice, o viajante revigorado prepara-se para a longa viagem e o atleta depõe as vestes e prepara-se para as competições; assim também nós, no início deste jejum, quase no regresso de uma Primavera espiritual forjamos as armas como os soldados, limamos a foice como os agricultores, e como timoneiros reorganizamos a nave do nosso espírito para enfrentar as ondas das paixões. Como viajantes retomamos a viagem rumo ao céu e como atletas preparamo-nos para a luta com o despojamento de tudo" (Homilias ao povo antioqueno, 3).


Na mensagem para a Quaresma, convidei a viver estes quarenta dias de especial graça como um tempo "eucarístico". Haurindo daquela fonte inexaurível de amor que é a Eucaristia, na qual Cristo renova o sacrifício redentor da Cruz, cada cristão pode perseverar no itinerário que hoje empreendemos solenemente. As obras de caridade (a esmola), a oração, o jejum juntamente com qualquer outro esforço sincero de conversão encontram o seu significado mais alto e valor na Eucaristia, centro e ápice da vida da Igreja e da história da salvação. "Este sacramento que recebemos, ó Pai assim rezamos no final da Santa Missa nos ampare no caminho quaresmal, santifique o nosso jejum e o torne eficaz para a cura do nosso espírito".

Pedimos a Maria que nos acompanhe para que, no final da Quaresma, possamos contemplar o Senhor ressuscitado, interiormente renovados e reconciliados com Deus e com os irmãos. Amém!

Adaptação da Homilia do Papa Bento XVI - Quarta-feira de Cinzas, 21 de Fevereiro de 2007 - Basílica de Santa Sabina no Aventino. (www.vatican.va)




































 

sábado, 13 de fevereiro de 2010

O silêncio e o encontro com Deus


Vivemos num mundo cercado pelos ensurdecedores ruídos de uma cultura que procura fugir de si para esquecer os problemas de cada dia. Entretanto, o silêncio é necessário para nosso equilíbrio e, sobretudo, para nos encontrarmos com Deus e conosco mesmos.

Ao mesmo tempo em que se regulamenta até quantos decibéis podemos aguentar e até que horas são liberados os aeroportos próximos às cidades durante a madrugada, para que as pessoas possam dormir, vemos, por outro lado, um aumento cada vez maior do barulho ensurdecedor de uma cultura que, procurando fugir de si, muitas vezes se refugia no torpor de uma situação que a faz procurar esquecer os problemas de cada dia.

Uma sociedade escrava do barulho e agitação

Vivemos hoje num mundo cercado por sons e ruídos e por esse fato é muito difícil experimentar o silêncio. Que o digam as pessoas que compartilham as suas casas com vizinhos barulhentos e a nossa prática de estar sempre ouvindo um ou mais aparelhos eletrônicos ao mesmo tempo para não pensar muito na vida e ficarmos distraídos das agruras da vida diária.

Somos impulsionados pela busca incessante de dinheiro; corremos sem cessar para acumular bens, e nesta busca somos envolvidos pelo barulho dos carros, máquinas, fax, campainhas, buzinas, rádio, TV, telefone celular, músicas estridentes, agitações e gritos. Dias atrás, com o "apagão" em grande parte do Brasil, muitos ficaram sem saber o que fazer sem poder acessar a internet, ver televisão e sem utilizar-se do celular. Desaprendemos da conversa em família e muito mais ainda do silêncio.

Interessante observar como nos tornamos escravos dos sons e como as pessoas parecem ter necessidade do barulho. Quantos ficam como que anestesiados pelo barulho de baterias, guitarras, gritos e agitações que lhes envolve o corpo e a alma?

Deus se manifesta na tranquilidade

Desconfia-se que, continuando nessa direção, começaremos a nossa caminhada para a surdez ainda mais cedo. Mas, quer queiramos ou não, o silêncio é necessário para nosso equilíbrio e principalmente para nos encontrarmos com Deus e conosco mesmos.

Todos conhecemos a passagem de Deus na vida do Profeta Elias (I Re 19, 11-14): passou um vento impetuoso e Deus não estava; depois houve terremotos e Deus não estava; veio o fogo e Deus não estava, e depois "ouviu-se" o murmúrio de uma brisa leve e suave e Deus Se manifestou ao Profeta, o qual, ante a presença do Senhor, cobriu o rosto.

Jesus é muito claro quando nos ensina a necessidade da oração interior: "Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai que está escondido. E o teu Pai, que vê no escondido, te dará a recompensa. Quando orardes, não useis de muitas palavras, como fazem os pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por força das muitas palavras. Não sejais como eles, pois o vosso Pai sabe do que precisais, antes de vós o pedirdes" (cf. Mt 6, 6-8).

Essas são palavras divinas que ressaltam a importância do silêncio para que a figura do Pai possa resplandecer em nós, e, por esse fato, Jesus aconselha: fechar as portas do quarto, dizer poucas palavras, ou seja, ficar em silêncio em Sua presença.

O silêncio é essencial para que Deus resplandeça

Frei Inácio Larrañaga (iniciador das Oficinas de Oração e que esteve recentemente no Brasil), no seu livro Adorar a Deus em Espírito e Verdade (Paulinas, 1983, p. 190), diz sobre isso: "Ficar com o Pai quer dizer estabelecer uma corrente atencional e afetiva com Ele, uma abertura mental na fé e no amor. Minhas energias mentais (aquilo que eu sou como consciência, como pessoa) saem de mim, projetam-se n’Ele e ficam com Ele. E todo o meu ser permanece quieto, concentrado, compenetrado, paralisado n’Ele e com Ele".
Esse estar com o Pai nada mais é do que a oração de quietude, na qual há plena alegria tão somente de estarmos diante do nosso Deus e Pai.

Os grandes místicos, como São João da Cruz, Santo Inácio de Loyola, Santa Teresa de Ávila, sempre dizem que o silêncio é essencial para que Deus resplandeça.

São Bento, patriarca dos monges do Ocidente, em sua Regra, coloca o silêncio como uma realidade normal na comunidade monástica que, junto com a Lectio Divina, vida em comunidade, a Liturgia, unidade na comunidade e com o Abade, leva à paz interior e cria um clima orante na comunidade. São Bernardo também toma caminho idêntico, mesmo com seus afazeres fora do Mosteiro.

O silêncio externo ajuda a entrar no silêncio interior

Uma das recomendações dos pregadores de retiros é sempre aproveitar esse tempo para o silêncio externo que ajude a entrar no silêncio interior, ou o silêncio interior que ajuda a viver externamente no silêncio, procurando falar apenas aquilo que edifica e se aproveita para a vida em Cristo e a fraternidade entre nós.

Nestas duas semanas, nas quais dois grupos de nosso clero arquidiocesano se "retiram" para esse tempo de revisão de vida, oração e partilha dentro do Ano Sacerdotal, um dos passos importantes será, sem dúvida, esse encontro com Deus no silêncio de nossos corações.

Assim também poderia ser nossas vidas que necessitam desse equilíbrio de silêncio, que grita a paz e a fraternidade e nos faz ainda mais animados na missão de discípulos missionários. O silêncio cristão é pleno da Palavra de Deus e ilumina as nossas vidas. É tão importante que, mesmo na Liturgia, quando nos tornamos mais adultos nas celebrações, entendemos que os momentos de silêncio serão importantes para acolher as presenças de Cristo nos vários momentos da celebração.

Na busca do silêncio cristão que nos leva à contemplação das verdades eternas e na busca do rosto de Deus devemos conscientizar-nos sobre a importância do silêncio para a oração e para a vida.

Quantos não ficam como que anestesiados pelo barulho de baterias, guitarras, gritos e agitações?
Devemos conscientizar-nos sobre a importância do silêncio para a oração e para a vida





sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Ao completarem-se 152 anos das aparições de Nossa Senhora na gruta de Massabielle nossos olhos se voltam para a menina a quem Nossa Senhora falou. Sua vida, transcorrida em acrisolada virtude, expressa com eloqüência porque Deus "escondeu estas coisas aos sábios e prudentes, e as revelou aos pequeninos" (Lc 10, 21).

Lourdes! Onde encontraremos os termos que alcancem exprimir tudo quanto esse nome significa para a piedade católica no mundo inteiro? Quem poderá traduzir em palavras o ambiente de paz que envolve a gruta sagrada na qual, há exatos 152 anos, a Santíssima Virgem apareceu à humilde Bernadette e inaugurou, de modo definitivo, um novo vínculo com a humanidade sedenta de refrigério e paz? Por desígnio da Divina Providência, a esse lugar associou-se uma ação intensa da graça, especialmente capaz de transmitir aos milhares de peregrinos, vindos de longe, a certeza interior de serem suas preces benignamente ouvidas, seus dramas apaziguados, e suas esperanças fortalecidas.

Com efeito, ao longo deste século e meio, as ásperas rochas de Massabielle tornaram-se palco das mais espetaculares conversões e curas, legando à Santa Igreja Católica um tesouro espiritual de valor incalculável.

Em Lourdes fatos se revestem de uma grandiosidade peculiar, diante da qual nossa língua emudece. Ali está, diante de nós, a sublimidade do milagre. Entretanto, não se pode falar de Lourdes sem nos lembrarmos com veneração da personagem ligada de modo indissociável a essa história de bênçãos e misericórdias.

A modesta pastorinha a quem Nossa Senhora apareceu é o primeiro e maior prodígio de Lourdes: ela simboliza a íntegra fidelidade aos apelos de conversão e penitência, que naqueles dias foram lançados pela Rainha dos Céus, os quais haveriam de chegar aos mais longínquos recantos da Terra.

Infância marcada pela Fé

Bernadette nasceu num século de profundas transformações. Animada, de um lado, pelo surto de devoção mariana que o pontificado do Beato Pio IX estava suscitando, a segunda metade do século XIX presenciava o avanço insolente do ateísmo e do materialismo.

Os espíritos estavam divididos e, a fim de agir precisamente nessa encruzilhada da História, Maria Santíssima quis servir-se da filha primogênita do casal Soubirous.

Quão distantes, porém, desta sorte de considerações, estavam François e Louise, em 7 de janeiro de 1844! Nascia-lhes a filha Bernadette, no Moinho Bolly, nas cercanias de Lourdes, durante os dias felizes de fartura ali transcorridos. A menina foi batizada, recebendo o nome de sua madrinha Bernard, ao qual se acrescentou o da Senhora que haveria de lhe aparecer. Marie- Bernard, eis como se chamava Bernadette, sem escapar do diminutivo carinhoso que a acompanharia para o resto da vida.

No Moinho Bolly transcorreu sua primeira infância, marcada por uma religiosidade autêntica e sincera. Além da freqüência aos Sacramentos, a oração em conjunto aos pés do crucifixo e uma exímia prática dos princípios cristãos correspondiam a um dever moral para aquele casal de camponeses. Bernadette cresceu, por assim dizer, respirando a santa Fé Católica do mesmo modo que respirava o puro ar da montanhosa região dos Pirineus.

A miséria visitou o lar dos Soubirous

A época era difícil e os negócios de François Soubirous iam mal. Quando Bernadette tinha 8 anos, mudaramse para um moinho mais simples, e ao cabo de três anos alugaram uma cabana à beira da estrada. Já crescida, ela acompanhava os progressivos insucessos dos pais e enfrentava, com admirável resignação, a situação de indigência a que se viram reduzidos em 1856, a ponto de terem de mudar para o antigo cárcere da rua Petits- Fosées: um cubículo úmido e pestilento, que as autoridades locais haviam julgado inadequado até mesmo para os presos.

A pobreza era ali completa. O cômodo media menos de 20 m² e a família não possuía absolutamente nada, além da mobília mais indispensável e das roupas. A luz do Sol nunca penetrava no recinto, marcado pela grade da janela e pelo ferrolho da pesada porta - reminiscências do antigo calabouço. Ali vivia o casal Soubirous e as quatro crianças, constantemente atormentados pela fome. Quando conseguia comprar pão, a mãe o dividia entre os pequenos, que ainda assim se sentiam insaciados. Bernadette, não raras vezes, privava-se de sua pequena porção em favor dos mais novos, sem nunca demonstrar o menor descontentamento por isso.

À noite, sem conseguir dormir, atormentada pela asma, Bernadette chorava. A causa principal daquele desafogo, porém, não eram a doença ou as duras privações materiais.

O único desejo da angelical menina era fazer a Primeira Comunhão, mas a necessidade de cuidar dos irmãos e da casa a impedia de freqüentar o catecismo, de aprender a ler e escrever e até de falar francês. De fato, quando a Santíssima Virgem lhe dirigiu a palavra, o fez em patois, o dialeto da região de Lourdes. Se Bernadette desejou algo para si, nos dias de sua infância, foi apenas receber o Santíssimo Sacramento, o Senhor ofendido pelos pecados dos homens, que ela aprendera tão cedo a consolar.

Dias de pastoreio em Bartrès

As poucas vezes que Bernadette freqüentou as aulas de catecismo em Lourdes foram malogradas, porque não conseguia acompanhar as demais crianças, bem mais novas e adiantadas que ela. Louise Soubirous preocupava-se com a filha, de treze anos, que ainda não fizera a Primeira Comunhão, e resolveu pedir à amiga Marie Lagües que a recebesse em Bartrès - vilarejo não muito distante de Lourdes - a fim de que Bernadette lá pudesse freqüentar as aulas de catecismo.

Por consideração e amizade, Marie Lagües a recebeu em sua casa, mas não foi tão fiel à promessa quanto seria de se esperar. Logo ocupou Bernadette nos serviços da casa e no cuidado das crianças. E seu marido encontrou nela a pastora ideal para seu rebanho de cordeiros. Foi nesse períodoque Bernadette solidificouse na oração, durante as longas horas transcorridas no mais completo silêncio em meio ao privilegiado panorama pirenaico. Contemplativa, ela montava um pequeno altar em honra da Santíssima Virgem e aí passava horas de grande fervor recitando o Rosário, a única oração que conhecia.


Um fato passado com Bernadette por essa época demonstra a pureza cristalina de seu coração. Certo dia, quando François Soubirous foi visitar a filha, encontrou-a triste e cabisbaixa. Perguntou-lhe o que a afligia.

- Todos os meus cordeiros têm as costas verdes - respondeu ela.

O pai, percebendo tratar-se da marca posta por um negociante, fez um ameno gracejo: - Eles têm as costas verdes porque comeram muita erva.

- E podem morrer? - perguntou assustada Bernadette.

- Talvez...

Penalizada, ela começou a chorar no mesmo instante. O pai, então, contou-lhe a verdade: - Vamos, não chores. Foi o negociante que os marcou assim.

Mais tarde, quando a chamaram de boba por ter acreditado em semelhante brincadeira, sua resposta constituiu uma demonstração involuntária de sua elevada virtude: - Eu nunca menti; não podia supor que aquilo que o meu pai me dizia não era verdade.

Os dias se escoavam lentamente na pequena aldeia, havendo completado sete meses que Bernadette lá chegara. Quanta esperança de aproximar- se da Mesa Eucarística trazia na chegada, e que decepção experimentava agora, após poucas aulas de insignificante instrução! Aquela espera interminável a afligia, mas, como tudo na vida do homem, foi permitida por Nosso Senhor.

"Sofre as demoras de Deus; dedicate a Deus, espera com paciência, a fim de que no derradeiro momento tua vida e enriqueça" (Eclo 2, 3). Essas palavras, desconhecidas para Bernadette, significam exatamente o modo como Deus procedeu a seu respeito. Ao mesmo tempo que a graça inspirava em sua alma um ardente desejo das coisas do alto, estas pareciam ser-lhe tiradas. Com isso, seu anseio se robustecia, e tudo o que era terreno ia se afigurando como pouca coisa aos seus olhos, cada vez mais aptos para compreender as realidades sobrenaturais.

Como costuma ocorrer com as almas que Deus prova por meio de longas esperas, estavam-lhe reservadas grandes graças.















































































segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Papa: ninguém é dono da própria vida

CIDADE DO VATICANO — O Papa Bento XVI reafirmou neste domingo a condenação da Igreja Católica ao aborto e à eutanásia, ao destacar que "ninguém é proprietário de sua própria vida".

"Ninguém é proprietário de sua própria vida, todos devemos protegê-la e respeitá-la, desde o momento da concepção até seu fim natural", afirmou o Papa durante a bênção do Angelus na praça de São Pedro do Vaticano.

A declaração foi feita poucos dias antes do primeiro aniversário da morte de Eluana Englaro, a italiana que faleceu depois de passar 17 anos em coma, cuja família lutou durante mais de 10 anos para obter o direito de suspender a alimentação artifical.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Patriarca ortodoxo russo fala em visão comum com os católicos.

No ano 2009 foram registadas "tendências positivas" no diálogo entre a Igreja Ortodoxa russa e a Igreja Católica. O patriarca de Moscovo e de todas as Rússias, Cirilo I, traçou um balanço positivo ao falar na Conferência de bispos que se realizou na capital.

O patriarca apresentou um longo relatório sobre as atividades, visitas e viagens que caracterizaram o seu primeiro ano de liderança, reservando um parágrafo detalhado também para as relações com a Igreja Católica.

A esse propósito, Cirilo I disse que “as atividades comuns e os numerosos encontros mantidos com os representantes da Igreja Católica confirmaram que as nossas posições coincidem sobre numerosas questões que interpelam os cristãos no mundo moderno”. “Vale a pena ressaltar que sobre esses temas Papa Bento XVI tomou posições muito próximas das posições ortodoxas. E isso é demonstrado pelos seus discursos, mensagens, bem como pelas opiniões de altos representantes da Igreja Católica com os quais mantemos contatos", acrescentou.

No relatório, o Patriarca não esconde "os problemas existentes" nas relações bilaterais. Em particular, falou da "difícil situação na Ucrânia", auspiciando "passos concretos" por parte da Igreja Católica.